Como mostrei na coluna “Somos uma nação nomofóbica: os brasileiros passam mais de 9 horas por dia online”, o Brasil é o segundo país do mundo em que os usuários passam mais tempo no mundo virtual, perdendo apenas para a África do Sul. No entanto, ficamos em primeiríssimo lugar quando o problema é acreditar em fake news.
Uma pesquisa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgada em junho de 2024, revelou os países que têm maior habilidade para identificar fake news e quais enfrentam mais dificuldades. Entre os 40.756 entrevistados de 21 nações, o Brasil ficou na última posição, sendo o país onde a população mais acredita em notícias falsas.
O Instituto Locomotiva, em outra pesquisa de 2024, revelou que 88% dos brasileiros já acreditaram em uma notícia que, depois, descobriram ser falsa. Desses, 64% já caíram em golpes envolvendo vendas de produtos e 63% acreditaram em desinformação sobre propostas de campanhas políticas e eleitorais. Paradoxalmente, 62% afirmaram que confiam na própria capacidade de diferenciar informações falsas de verdadeiras.
Todos os dias meu marido me mostra fake news que recebeu pelo WhatsApp. Eu não recebo tantas, talvez porque fique menos tempo conectada nas redes sociais e não tenha grupos de amigos e de familiares no WhatsApp. Em algumas ele até acreditou, como a de que Oprah Winfrey disse que iria se mudar para a Itália porque não poderia viver nos Estados Unidos durante os próximos quatro anos e respirar o mesmo ar de Elon Musk.
Ele acabou de me enviar um vídeo com uma historinha que logo suspeitei que fosse falsa. Para minha surpresa, encontrei várias versões da mesma historinha no Google e, por incrível que pareça, muita gente acredita que ela é verdadeira.
O vídeo diz que, na década de 1920, Albert Einstein viajou de carro para dar conferências sobre a Teoria da Relatividade em universidades dos Estados Unidos. Ao ser questionado sobre quem era a pessoa mais inteligente que conhecia, Einstein respondeu: “meu motorista”.
Certo dia, Einstein não estava se sentindo muito bem e pensou em cancelar uma palestra em Dartmouth. Harry, seu motorista, disse: “Dr. Einstein, eu já assisti à sua palestra mais de 60 vezes, já sei suas ideias de cor e poderia dar a palestra em seu lugar”.
Einstein gostou da ideia: “Eles não me conhecem na escola. Então, quando chegarmos lá, você se apresenta como se fosse eu para dar a palestra e eu vou ser o seu motorista”. Eles trocaram as roupas e Einstein dirigiu o carro até o local. Algumas versões dizem que Einstein se sentou na primeira fila do auditório, outras, na última, mas esse detalhe não é importante.
Harry subiu ao palco e deu a palestra sem errar uma única vírgula. No final, um professor fez uma pergunta bastante complicada. Harry não se abalou: “A resposta para esse problema é muito simples e, para mostrar como é simples, vou pedir ao meu motorista que responda à sua pergunta”. Einstein se levantou e respondeu brilhantemente.
Meu marido brincou que poderia ser verdade, pois ele já assistiu tantas vezes às minhas palestras que poderia falar das minhas pesquisas em qualquer lugar. E que eu nem precisaria ficar na plateia para responder às perguntas mais complicadas.
E ainda me provocou: “Você acha que pode existir fake news do bem?”
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