Os novos líderes querem ser fofos. Querem ser legais. Querem ser aceitos. E é assim que muitas empresas estão indo direto para o buraco. O mercado de trabalho virou um berçário onde líderes andam na ponta dos pés para não ferir suscetibilidades, enquanto equipes inteiras confundem feedback com ofensa e cobranças com assédio.
Eu já caí nessa armadilha. Tentei ser a chefe compreensiva, a que sempre escuta, a que nunca impõe. Achei que ser uma liderança gentil criaria um ambiente harmonioso, onde todos dariam o melhor de si. O que aconteceu? Meus colaboradores confundiram a empresa com um grupo de terapia e, quando precisei ser firme, vieram as caras fechadas, as mensagens passivo-agressivas e o clássico “essa empresa não valoriza as pessoas”.
Desde quando exigir comprometimento virou opressão? Desde quando dar um feedback honesto é visto como violência emocional? Empresas Nutella são aquelas onde o chefe pede, não exige. Onde críticas negativas precisam vir embaladas em cinco elogios para não ferir o ego frágil dos colaboradores. Onde profissionais medíocres crescem simplesmente porque os líderes têm medo de demitir.
E sabe qual é o maior problema? No meio desse caos emocional, os talentos de verdade vão embora. Nenhum profissional de alto nível quer um líder que passa a mão na cabeça. Querem um líder que impulsiona, que desafia, que cobra excelência. O mercado é brutal e não quer saber do seu afeto. Ele quer resultado.
Só que, nos últimos anos, ser um líder firme virou sinônimo de tirania. Qualquer cobrança mais direta é taxada de autoritarismo. Qualquer exigência de produtividade vira gatilho. Qualquer tentativa de manter um padrão de excelência é interpretada como falta de empatia. As empresas estão reféns de um medo irracional de desagradar. E, ironicamente, essa cultura do acolhimento irrestrito está afundando as próprias pessoas que diz querer proteger.
Porque a vida real não tem paciência para mimimi. O cliente não quer saber se o colaborador estava sobrecarregado e por isso entregou um trabalho mediano. O investidor não se importa se a equipe não estava motivada o suficiente para bater a meta. O mercado é uma selva e está deixando de ser liderado por leões para ser tomado por cordeiros.
Isso significa que líder não pode ter empatia? Claro que não. Mas empatia sem exigência gera times fracos. E times fracos fazem empresas falirem. O problema não é acolher, o problema é transformar acolhimento em desculpa para a falta de profissionalismo.
Os resultados não mentem. Empresas que tentam agradar a todos e evitam decisões difíceis, quebram. Líderes que têm medo de desagradar, fracassam. E colaboradores que querem conforto em vez de crescimento, ficam estagnados.
Eu já tentei ser a chefe perfeita, a que todos gostam, a que nunca desagrada ninguém. Aprendi da pior forma que liderança não tem nada a ver com ser amado. Tem a ver com fazer a empresa crescer, com garantir que o time entregue.
Ser líder é tomar decisões impopulares quando necessário. É ter coragem para dizer o que precisa ser dito. É saber que, em alguns momentos, você será o vilão da história e isso faz parte do jogo.
E está tudo bem.
Porque o melhor líder não é aquele que protege o time do mundo real. É aquele que prepara seu time para vencê-lo.
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