Se caísse um bombardeio no congresso Madrid Fusión, a gastronomia mundial sairia muito desfalcada.
Na terça-feira (28), por exemplo, o mesmo palco reunia o catalão Ferran Adrià —que, com as experiências do El Bulli, tornou-se o rosto e a voz da moderna cozinha espanhola—, o peruano Gastón Acurio, o mexicano Jorge Vallejo e o italiano Massimo Bottura, entre dezenas de chefs aclamados.
É um dos congressos mais importantes do setor no mundo. Aqui, discutem-se os caminhos da gastronomia para o futuro: tecnologia, inovação, sustentabilidade, responsabilidade social, todos esses assuntos bem sérios e relevantes.
Mas confesso que minha atenção foi capturada por um palco menor, com menos holofotes, onde uma plateia igualmente reduzida pôde acompanhar conversas sobre temas mais específicos.
O tema de um desses bate-papos foi a função terapêutica dos bares. Sim: o boteco como uma espécie de anjo da guarda da comunidade, um espaço que protege contra a solidão.
A primeira fala da mesa-redonda veio da enfermeira Anna Ramirez, de um projeto destinado a tratar pacientes psiquiátricos com idas a restaurantes e bares. “Alguns deles preferem tomar uma bebida a tomar remédios”, conta.
Outro participante, o antropólogo Sergio Gil, destacou que o bar é especialmente vital para as áreas remotas, os cafundós rurais onde não acontece nada. “Quando fecha o bar de um vilarejo, não sobra mais nada que o defina como comunidade.”
Quem assistiu ao filme “Os Banshees de Inisherin”, ambientado num canto esquecido da Irlanda, deve se lembrar que o pub era o único lugar em que os aldeões podiam socializar livremente —no outro ponto de encontro, a igreja, precisavam se comportar miudinho.
Nas áreas rurais, o bar funciona como clube, rede social, consultório sentimental e correio. Fulaninho não foi achado em casa, deixa a encomenda no boteco para ele pegar depois.
Emilio Gallego, secretário de hospitalidade do governo espanhol, lembrou que as pessoas bebem sozinhas em casa quando não há um bar por perto. “A própria dinâmica social faz com que as pessoas bebam mais moderadamente nos bares, entre uma comidinha e outra.”
A Espanha, aliás, é o paraíso dos bares e das comidinhas. Aqui, um chope quase sempre vem com uma porção de cortesia: azeitonas, batatas, conservas. São as famosas tapas.
Fiquem, portanto, com uma tapa clássica, deliciosa e muito simples de fazer: o pan con tomate.
PAN CON TOMATE
Rendimento: 2 porções
Dificuldade: fácil
Tempo de preparo: 5 minutos
Ingredientes
- 1 tomate maduro
- 2 fatias de pão de casca grossa
- 1 dente de alho, cortado ao meio
- 2 colheres (sopa) de azeite extravirgem
- Sal e pimenta-do-reino a gosto
Modo de fazer
- Corte o tomate ao meio e rale nos furos grossos do ralador. Salgue ligeiramente. Deixe numa peneira para drenar o líquido
- Aqueça uma grelha ou frigideira e toste os dois lados do pão. Esfregue o alho no pão torrado
- Distribua a polpa de tomate sobre as torradas. Regue com azeite e ajuste o tempero
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.