O designer Henrique Catalani, 32, e o arquiteto Leonardo Sales, 29, decidiram explorar um relacionamento aberto até o fim do Carnaval após se conhecerem em Belo Horizonte no ano anterior. “Não queríamos namorar, e o Leonardo sugeriu segurar o namoro até depois do Carnaval”, relembra Henrique.
A paixão ganhou e formalizaram a relação, mas mas optaram pela não monogamia até o fim da folia, com a possibilidade de continuar assim após o período festivo. Diálogos frequentes sobre limites e expectativas são essenciais para o sucesso do relacionamento, segundo eles. “Respeito e cuidado são fundamentais”, afirma Leonardo.
O Carnaval, conhecido por sua atmosfera de liberdade e excessos, é um momento em que normas tradicionais são desafiadas –entre elas, as de relacionamentos amorosos. Enquanto alguns optam por curtir a festa juntos, outros veem na abertura do relacionamento uma chance de explorar novas experiências. Nas redes sociais, vídeos de casais discutindo relacionamentos abertos viralizam, mas muitas vezes simplificam os desafios reais dessa prática.
Para especialistas, é importante ter tratos claros, discutir o emocional de cada um e lembrar que, embora o carnaval dure só quatro dias, as consequências podem perdurar.
O psicólogo Gabriel Leva, mestre em psicologia pela USP (Universidade de São Paulo), afirma que casais devem discutir como se sentem emocionalmente antes de abrir o relacionamento, especialmente durante o Carnaval. Ele salienta a importância de entender as motivações individuais e conjuntas para a decisão, destacando que a folia pode ser um período de intensa liberdade emocional, o que podem levar a atitudes e resultados inesperados.
Para Henrique e Leonardo, a experiência tem sido positiva, mas não isenta de desafios. Henrique admite sentir ciúmes, mas vê isso como uma responsabilidade pessoal. “Eu gosto que ele curta a vida do jeito que quer. Para mim, é importante que ele seja livre e faça coisas que o deixem feliz”, diz.
Leonardo, por sua vez, destaca a importância do equilíbrio e da comunicação. “Com bons acordos e diálogo, evitamos problemas”, afirma.
Já uma publicitária de 48 anos e seu namorado de 52 anos decidiram tentar um relacionamento aberto durante o Carnaval, buscando transparência após históricos de traições em casamentos anteriores. O casal, que preferiu não ser identificado, afirma que a experiência trouxe liberdade e novas descobertas, ao passo que também surgiram ciúmes e inseguranças.
Em uma ocasião, ao vê-la com um parceiro, o namorado demonstrou desconforto, o que os levou a fechar o relacionamento temporariamente. Mesmo com os desafios, ela vê valor na experiência e está aberta a tentar novamente no futuro, desde que ambos estejam mais preparados emocionalmente.
Ponto importante, diz, é ter regras iguais para ambos. “Se vale para ele, vale para mim.”
A psicóloga Adelita Monteiro, que atua como sexóloga e terapeuta de casais, ressalta que a abrir um relacionamento pode ser mais fácil quando o casal já começa com essa proposta, sem as expectativas tradicionais do amor romântico. No entanto, mesmo nesses casos, a comunicação e o alinhamento de expectativas são essenciais.
Já Gabriel Leva enfatiza a necessidade de respeitar os próprios limites e inseguranças ao considerar um relacionamento aberto. O profissional diz ainda que a honestidade e o autoconhecimento são cruciais para navegar essas dinâmicas, que podem ser complexas.
Veja dicas de especialistas para quem considera um relacionamento aberto no Carnaval
- Estude o tema. Informe-se sobre não monogamia e discuta com o seu parceiro;
- Estabeleça acordos claros. Defina limites e expectativas de forma consensual;
- Comunique-se abertamente. Expresse sentimentos e necessidades de forma honesta e respeitosa;
- Lide com inseguranças. Reconheça e trabalhe suas próprias emoções, sem projetá-las no parceiro;
- Seja flexível. Esteja preparado para ajustar acordos conforme as situações mudam.